Eu queria votar mas esse direito, que foi conquistado com sacrifício da vida de tantos, está agora de novo comprometido.
Podem questionar-se, de alguma forma incrédulos:
- Mas de alguma forma o impedem de exercer esse direito?
- Mas alguém o condiciona de forma a por em causa a sua própria integridade?
Numa primeira resposta surgiria o “não” e esse “não” desmobilizaria qualquer reflexão consequente sobre o tema ou levaria mesmo à acusação, que muitos fazem sem saber do que realmente se trata, de populismo.
Vejamos então…
Como não pensar assim se os políticos prometem na campanha o que esquecem logo em seguida? E não me digam que é por desconhecerem a verdadeira situação do país ou da autarquia a que se candidatam. Não é verdade, pois muitos deles foram vereadores, líderes da oposição, deputados, logo com acesso à informação.
Como não pensar assim se surgem nos programas eleitorais um conjunto de banalidades que não denotam arrojo, imaginação, inovação, carácter e estratégia política para um povo, para uma autarquia ou povoação?
Como não pensar assim se alguns desses mesmos programas defendem agora a construção de equipamentos ou soluções às quais esses políticos sempre se opuseram?
Como não pensar assim se as prioridades assumidas vão para a construção de equipamentos não estratégicos, que nos levarão a mais dívida pública e menos investimento na educação? Aliás a área da educação é omissa em alguns dos programas eleitorais.
Como não pensar assim se nos deparamos com um aparente consenso em torno da necessidade da caridade e do apoio social em detrimento do desenvolvimento e da criação de emprego? Alguns lembrar-se-ão dos “pobres de estimação” a que muitos gostariam de regressar para sossegar as suas almas mas que a todos nos voltaria a envergonhar.
Como não pensar assim se num debate sobre um dos órgãos mais importantes de uma autarquia, a Assembleia Municipal, surge constantemente a afirmação da necessidade de consenso, colaboração, unanimismo, em detrimento de fiscalização. Era aliás visível o desconforto de alguns com essa questão, como se não fosse a função mais nobre deste órgão em que as várias sensibilidades de uma população se devem conjugar.
Mas teremos de ser pragmáticos e a abstenção só beneficia quem quer mal à democracia mesmo que aparentemente a defenda com “unhas e dentes”.
Eventualmente, fazendo um exercício de análise cuidada dos programas eleitorais, faremos um exercício de pedagogia da verdade, do valor e da competência levando os que, da política se aproveitam, a pensar um pouco mais em como se devem apresentar ao povo que deveriam servir. Sim porque de serviço público se trata.
Confesso que das cinco propostas apresentadas três me pareceram ser de não levar a sério ou pela quase total ausência de programa, ou pela constituição das equipas propostas ou ainda pelas promessas que não coincidem com as práticas dos seus defensores.
Restam duas que, apostando em campos politicamente opostos, se poderiam complementar se juntássemos a ténue réstia de inovação de uma com a valorização da cultura de outra.
Por isso, eu queria votar e, quanto mais não seja para honrar os que me ofereceram no passado esta possibilidade e não por aqueles que agora me oferecem balões, canetas, leques e estojos vários, irei fazê-lo, com a responsabilidade de estar informado tanto quanto o sistema e a inteligência política dos vários atores permite.
Mas como eu, muitos deviam lembrar aos políticos que nos devem a honra deste voto.
Os rankings das escolas valem o que valem mas fazer disso um discurso acéfalo, sem aproveitar os mesmos para refletir sobre a ação das escolas, é tão absurdo como fazer deles a sua única forma de avaliação. A escola, os professores, os pais, têm obrigação de questionar as opções pedagógicas que levam a constantes maus resultados... Todos sabemos que os resultados nacionais desceram mas também verificamos que certas tendências desses mesmos resultados também se mantêm.
Aproximam-se mais umas eleições, não aquelas que aparentemente a maioria dos portugueses anseia mas outras que do calendário democrático já constam há mais tempo.
As populações vão ser chamadas a escolher os seus representantes, para os parlamentos locais e quem querem ver à frente dos destinos das suas autarquias.
Dos primeiros nunca se ouviu falar que auscultassem o povo, que dinamizassem consultas populares antes de ganharem a quantia inerente a cada senha de presença, num parlamento que tem muitas vezes tanto de ineficiente como de caricato.
Dos segundos, é difícil situá-los, tanto em termos de pensamento político como em termos de postura moral e ética.
A dança de cadeiras é inevitável e constitui um espetáculo deplorável de desrespeito pela democracia e pelos superiores interesses da população.
Passamos de um desejável e constitucionalmente defendido serviço ao povo, para um serviço a interesses instalados, a caciquismos, à promoção pessoal e familiar, que em nada abonam à confiança que todos devemos ter no sistema e pelo qual muitos lutaram anos a fio.
Em Portugal, é difícil ver ex autarcas que voltam a estar integrados na sociedade, na sua antiga profissão e lugar de origem, sim porque autarca não é profissão mas serviço público!
Para contornar a lei da limitação de mandatos, que timidamente os maiores partidos fizeram aprovar cheia de ambiguidades, o poder político preparava-se para aprovar outras estruturas regionais onde esses ex autarcas, humildemente (note-se a ironia), iriam servir mais uma vez o seu país.
O bloqueio dos tribunais, ao que parece um dos poucos garantes atuais da democracia, rejeita esta opção e põe entraves às mudanças de concelhos.
Passemos então à segunda opção em que atuais Presidentes de Câmara passarão a Presidentes de Assembleia e estes a Presidentes de Câmara, do mesmo partido claro!
Poderão ainda ser candidatos a outros lugares elegíveis, como futuros vereadores, mas voltar ao seu antigo lugar, ao seu emprego, isso não! Seria um desprestígio!
Para quem?!
Tenho falado, escrito, por vezes vociferado, de que entendo que a política é para as pessoas e não contra as pessoas mas, se fossemos civicamente mais ativos, politicamente mais informados, humanamente mais solidários (não caridosos pois nesse caso a intencionalidade é muito mais castrativa da condição humana), estaríamos há muito a debater o problema da escala em política.
Este aspeto não é, como alguns podem de imediato pensar, incompatível com a primeira afirmação.
Quando falamos em escala podemos abordar duas vertentes, tão antagónicas quanto convergentes, na ameaça à nossa condição humana de liberdade, igualdade e fraternidade...
Se por um lado, a globalização e a expansão do capitalismo desenfreado trouxe a hegemonia dos mercados e formas de governo financeiro, em nada sufragadas pelo poder do voto, por outro, cultivamos a pequenez das autarquias, dos serviços regionais, que de regionais só têm o nome, dos partidos que não se abrem à sociedade e que são sempre dirigidos pelos mesmos, numa teia quase mafiosa e bafienta de interesses, de relações de favor e promoção do pequeno poder e da mediocridade de ideias.
Ambas as situações têm sentidos à escala divergentes mas convergentes nos seus objetivos: empobrecer as pessoas, sonegando informação e liberdade, promovendo a caridade controladora que apenas aumenta esta dependência e amarra as pessoas a uma situação sem retorno para que muito poucos consigam manter e/ou aumentar os seus privilégios.
Teresa Morais, enquanto secretária de Estado dos Assuntos Parlamentares e da Igualdade, afirmava numa entrevista ao Sol, "A ideia que o Estado pode continuar a dar tudo a todos é uma ideia estafada."
Se analisarmos com tempo, poderemos encontrar um ou outro ponto de concordância com esta ideia genérica mas, talvez fosse bom esta senhora visitar outra que há pouco vi numa reportagem e que devolveu um vale de RSI de 8 euros, sim 8 euros, ao Presidente da República! Tem o frigorífico sempre vazio, vive à custa dos pais reformados que a alimentam, sim porque um pão custa 1,50€ no supermercado, e teve de pedir emprestado o dinheiro para a carta que enviou ao Presidente.
Teresa Morais tem responsabilidades em matéria de assuntos governativos e de igualdade, logo, deveria conhecer as palavras de Sócrates, não o governante mas o de Platão, que quando discute com "Ménon" afirma que "o homem e a mulher, quando andem a tentar ser bons, necessitam das referidas qualidades, isto é,da justiça e da sensatez."
Mas não se esqueça de levar para o encontro, a relação dos 30 anos de descontos desta senhora para a Segurança Social e já agora, que vá sem carro e motorista. Pode parecer mal! :-)
Neste 2 de março os portugueses mostraram ao governo de Portugal (as minúsculas e as maiúsculas das últimas palavras ganham sentido) que o Povo é quem mais ordena, que os políticos são eleitos para representar a vontade do Povo, que há limites de dignidade humana que não devem ser postos em causa, que a democracia é um bem inalienável da sociedade europeia.
É um orgulho ser português quando se vê uma jovem emocionada a cantar uma canção que a todos nos deve dizer muito enquanto povo, quando se vê um pai a transportar uma criança de colo para defender o seu futuro, quando se vê que milhares se emocionam a defender o futuro de um povo e a dignidade de uma nação.
Por outro lado é uma tristeza ainda assistir a números políticos que desvalorizam a revolta de um povo, que consideram inadmissível as manifestações de revolta contra políticos, que promovem reuniões partidárias e debates, em gabinetes e salas “controladas”, enquanto o povo sai à rua. A responsabilidade de um verdadeiro político é sair à rua com os seus iguais, é defender a sua revolta dentro dos limites constitucionais, é procurar saídas para uma situação a nível nacional e europeu porque a situação a que assistimos não é resultado da crise mas sim da imposição de uma agenda dos mercados e dos tecnocráticos que querem gerir povos como se fossem empresas…
Um governo sábio saberia tirar as devidas ilações de tamanho gesto democrático de um povo! Se não souber, corremos o risco de termos uma situação incontrolável como vai sendo o desespero de muitos que apenas querem viver com dignidade!
EXmo Senhor Primeiro Ministro
Em primeiro lugar uma justificação porque lhe escrevo hoje e desta forma.
A forma, prende-se com o facto de já o ter tentado por outra via mas, apesar de acusar a recepção das mensagens e dar instruções a gabinetes ministeriais para responderem em conformidade ou me manterem informado, enquanto requerente, sobre o andamento dos processos, lamento informá-lo, as suas ordens não foram cumpridas.
Mas o mais importante prende-se com o facto de ser hoje que decidi escrever estas linhas. Não seria justo não partilhar consigo a enorme alegria e orgulho que sinto neste dia ao conhecer as novas tabelas de IRS para 2013, que me permitem contribuir para sanar problemas da banca e outros que causámos sem aviso, mas também de ter ficado a conhecer o grande aumento de vencimento disponível para fazer face a todos os compromissos tributários e sobejar algum para alimentar condignamente os meus filhos.
Queria começar por lhe agradecer a forma atempada com que tudo foi feito para que pudesse planear a minha vida no novo ano mas, acima de tudo, pela redistribuição da riqueza que já lá vão mais de vinte e cinco anos tenho ajudado a criar no meu país e que V. EXa teve a amabilidade de efectuar nesta data.
Falo de trabalho, desde os tempos de adolescência, em tempo de férias escolares, para conseguir algo mais do que o básico para qualquer pessoa dessa idade.
Falo dos 24 anos de carreira de docente a contribuir para a formação de recursos humanos, das mais variadas idades, como forma de recuperar anos de atraso do meu país.
Falo de todos esses anos em que paguei cada cêntimo de imposto devido e ensinei a muitos os deveres básicos de cidadania e solidariedade mas também de honestidade e lealdade, mesmo quando tudo à nossa volta, principalmente nos meios que V. EXª frequenta quer em termos centrais, regionais e locais, levava a duvidar da validade de tais valores.
Agradeço-lhe pois a nova oportunidade para contribuir para a resolução dos problemas do país mesmo quando reparo que, tudo o que da administração depende, continua em lógica contrária.
Acredito que são apenas mais algumas ordens de V. EXa que não são cumpridas pelo que eventualmente ficará de sobreaviso.
Do que falo? Perguntar-se-á.
Dou apenas alguns exemplos por economia de tempo de V. EXª, que certamente não poderia estar horas e horas a fio a ler as minhas palavras.
Câmaras distantes entre si escassos quilómetros que promovem festas, beberetes, subsídios, presentes e “algumas” obras em favor dos mais desfavorecidos e da população em geral que reclama campos relvados, mesmo que sintéticos, piscinas cobertas, pavilhões multiusos e tudo em nosso nome, dos contribuintes, embora por uma questão de respeito e decoro nunca o refiram, assumindo as onerosas consequências de tais decisões.
Agradeço no entanto a ideia de terminar com a situação do número excessivo de freguesias que desfalcavam o erário público de forma tão vergonhosa e muito mais acentuada que as Câmaras Municipais. Foi uma ideia excelente de quem certamente demorou muitos anos da sua vida académica a estudar o assunto, mesmo que para outros não lhe restasse a mesma disponibilidade. Mas todos sabemos o que o nosso ministro da educação e ciência nos diz sobre o rigor das aprendizagens…
Aliás, por falar em educação poderia lembrar-lhe respeitosamente a necessidade de cumprir a decisão de encerrar serviços como havia ordenado. Certamente ainda não teve tempo…
Ou ainda que os problemas em educação não se resolvem com mais dinheiro atirado aos problemas, nem com despedimento de professores, nem com turmas mais, nem com assessorias nem com a distribuição de competências educativas por clubes, associações, autarquias e afins, mas sim perguntando a quem está no terreno como se poderia fazer mais com menos, dinheiro claro. E é possível caso ainda ninguém lhe tenha tido a amabilidade de transmitir.
Fico no entanto mais descansado e disso dou público conhecimento, por saber que estão a ser contratados serviços de empresas e profissionais de grande gabarito e relações certamente privilegiadas, que verificarão, a cada passo, todos os carimbos do POPH e demais exigências legais.
Porque a extensão destas linhas está certamente na proporção inversa do seu tempo para coisas menores, como os problemas dos portugueses, terminarei, não sem contudo lhe voltar a endereçar os meus agradecimentos pelas razões já expostas.
Agradeço-lhe também o facto de nos manter sabiamente em liberdade controlada até porque, nesse aspecto, já não poderia prometer-lhe tanta disponibilidade para compreender alguma distracção ou falta de tempo.
O respeito devido a familiares e cidadãos anónimos, que sofreram sobejamente com a negação dessa mesma liberdade, a fome e as provações associadas, num passado recente que não permite o esquecimento de todos, obrigar-me-iam a mudar de atitude e estou certo a muitos mais portugueses reconhecidos.
Estou certo que, para evitar isso, disponibilizará o melhor do seu tempo!
Ontem saí à rua! Foi a minha primeira vez!
Levei as minhas filhas como forma de educação cívica, aquela que os nossos governantes teimam em retirar dos currículos como se fosse matéria vã em qualquer sociedade que se quer plural, moderna mas acima de tudo democrática…
Foi por elas que saí, pelo meu país que quero melhor e por respeito a todos os que lutaram por um sonho de uma sociedade melhor.
Como alguém dizia “foi um baptismo cívico”!
Ontem saí à rua e fiquei orgulhoso por mim e por ver um país mobilizado sem bandeiras de partidos. Não que eles não sejam muito importantes em democracia mas porque não estão a saber interpretar a razão da sua existência – o povo – e o pior é que não se vislumbram excepções.
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