Segunda-feira, 23 de Janeiro de 2006
Decorreu a 22 de Janeiro a eleição de um novo Presidente da República de Portugal e independentemente da análise dos resultados e da opção por este ou aquele candidato importa acima de tudo encerrar este capítulo da vida portuguesa com a dignidade que a ele é devida.
Afinal trata-se da eleição do mais alto cargo da República e ainda bem que é República pois a todos foi permitido manifestar as suas preferências de forma legitima e democrática.
Comentários como os que já ouvi e li de que não há legitimidade uma vez que votos brancos e nulos seriam de contar, contra o candidato eleito, ou de que os candidatos preteridos pelos portugueses são mais ou menos honestos, mais ou menos verdadeiros e outros mimos tais, não devem acontecer neste momento. A campanha eleitoral acabou e com ela esgotaram-se as divisões (democráticas), as maiorias, as minorias, tendo sido eleito aquele que, a partir de 9 de Março, será Sua Excelência o Senhor Presidente da República de Portugal.
Foi ele o escolhido pelos portugueses, por todos os portugueses porque em democracia é assim!
Terça-feira, 10 de Janeiro de 2006
Apetece hoje desmontar tanta conversa sobre leite escolar, no Parlamento, em que um dos deputados da República, ao fazer ver que muito percebia de leite escolar, mais parecia um ilustre servidor da Monarquia aqui vizinha.
Vejamos porquê...
O leite escolar foi instituído em França em 1954 e generalizado ao resto dos parceiros europeus em 1976, numa altura em que os produtores procuravam mercados para os seus excedentes leiteiros. Ao que julgo saber o mesmo acontece com os produtores portugueses que lutam para cumprir as quotas restritivas da UE.
Este programa tem vindo a ser alvo de subvenção comunitária embora a Comissão Europeia já tenha tentado por várias vezes a sua diminuição ou simples abolição.
Não se verificando tal facto o estado português tem garantido a gestão do programa através de um sistema obsoleto, facilmente ludibriavel devido à ineficiente fiscalização, gerador de desperdícios e injustiças.
O que o senhor deputado não sabe é que o actual sistema permite que enormes quantidades de leite vão para o lixo ou por má gestão de encomendas, ou por fornecimentos tardios, ou por desrespeito pelos prazos de validade, ou por morosidade dos concursos públicos, ou porque fica algum pelos circuitos, ou porque os alunos não aceitam bem o sabor do leite ou porque, pura e simplesmente, muitos não precisam dele.
O que o senhor deputado não sabe é que, em certas zonas, o leite distribuído é todo espanhol embora se não o soubesse deve ter ficado a perceber pelas notícias e pela diminuição da sua aceitação junto da população escolar.
O que o senhor deputado não sabe, mas também não perguntou a quem sabe, é que o leite escolar, como está, é um autêntico quebra-cabeças para a gestão escolar e uma ofensa à grande qualidade do leite nacional
O que o senhor deputado não sabe, mas deveria saber, é que gere melhor quem está próximo, descentraliza quem é democrático, agiliza quem é sabedor...
O que o senhor deputado não deve ter percebido foi que está a prestar um excelente serviço ao escoamento dos excedentes, não de França mas sim de Espanha.
Sábado, 7 de Janeiro de 2006
Às 22:11h um inquérito de opinião em www.sapo.pt com base na questão - "Os candidatos presidenciais deviam revelar já o nome dos financiadores da campanha?" - dava os seguintes resultados:
71% - SIM
28% - NÃO
Sexta-feira, 6 de Janeiro de 2006
De novo as autarquias estão na base do regresso aos comentários neste blog. Não sem antes uma salvaguarda daquelas cuja acção política prossegue os fins democráticos e republicanos de serviço público aos cidadãos e ao país.
Outras há e infelizmente mais do que socialmente desejável seria, que prosseguem os seus fins por métodos que em nada abonam o amadurecimento democrático das novas gerações e apenas contribuem para a estagnação social e económica dos seus concelhos carregando o erário público.
Vejamos dois casos próximos no tempo mas que ilustram esta ideia:
Caso Santana (e pensávamos nós já não ser possível!) Todos nós pagámos o topo de gama que serviu para as deslocações do Ex-Presidente da Câmara Municipal de Lisboa como se tal fosse uma despesa justificável aos olhos de quem sobrevive com uns míseros euros por mês. Será que não o faria corar de vergonha ao transitar pelas ruas da capital onde muitos estão nessa situação? Uma viatura oficial serve para deslocar os eleitos e não para lhes proporcionar mordomias pagas com o dinheiro de todos os portugueses.
Festas e Presentes Mais um Natal e com ele muitas empresas do nosso país proporcionaram aos seus colaboradores pequenas festas com direito a almoço, muitas delas em refeitório da empresa, com distribuição de presentes aos mesmos e seus filhos. Até aqui tudo bem, trata-se de uma estratégia empresarial aliás com alguma justificação à luz das teorias económicas.
Contudo muitas das nossas autarquias decidem fazer o mesmo, ou melhor, quase o mesmo com a pequena mas significativa diferença de que os gastos do convívio e dos presentes saíram do erário público. Autárquico, corrigem-me, mas o que são as autarquias senão estruturas do Estado?
Que eu saiba nenhuma das autarquias em questão decidiu colocar em cada presente o justo cartão com uma inscrição do género: Este é um presente do Estado Português (leia-se de todos os portugueses) pela sua dedicação à causa pública!
Exagero? Certamente não mas muito teremos de caminhar para que aconteça em Portugal o que já tive oportunidade de presenciar numa cidade francesa em que, por serem horas de não expediente, a Senhora Presidente da Câmara Municipal abriu a porta do Hôtel de Ville (Paços do Concelho) e nos recebeu servindo ela própria biscoitos e bebidas. Utopia!!!