Mais sinais têm sido visíveis mas pensei, na altura, que poderiam não passar de simples episódios de mau gosto democrático e de duvidosa pertinência jornalística.
Enganei-me pois afinal parece haver um certo movimento (organizado?) para a defesa dos "valores" éticos e morais da ortodoxia católica, uma tendência para acentuar e defender o lado mais retrógrado e medieval da Igreja Católica.
Estarei errado? Mas ainda não ouvi ninguém com responsabilidades eclesiásticas a contariar afirmações, posições ou actos menos dignos dos seus membros.
Vejamos dois episódios recentes:
Na passada sexta feira (14 de Abril) decorreu o Festival de Música "Madeira Paradise", na ilha da Madeira, contra a posição oficial da Igreja Católica local representada ao mais alto nível pelo Bispo do Funchal. Imagine-se, apelava-se mesmo a um levantamento popular contra o evento à semelhança do que há de mais democrático, pacífico e progressista do mundo.
Passou pela ideia do Bispo que nem todos os cidadãos são católicos? Será que alguma vez leu a Constituição da República Portuguesa?
Enganou-se o Bispo pois a população, até a da Madeira, já percebeu que não vive em qualquer país do terceiro mundo e muito menos se aplicam, a esta República, quaisquer leis inquisitoriais.
Ler Jornais, navegar na Internet e ver televisão podem ser considerados actos passíveis de culpa (pecados?) como tal sujeitos a censura da Igreja Católica. Só não se percebe, ou talvez se perceba, porque é que a rádio fica de fora desta lista... Talvez porque é a área de maior influência desta mesma Igreja, ou não?
Ora os meios de comunicação social são, por natureza, o perigo de qualquer forma de obscurantismo e/ou ditadura. São um dos pilares das sociedades democráticas e uma forma salutar de democratização da informação.
Salazar não queria meios de comunicação livres, na Idade Média seriam considerados meios do Anti Cristo e hoje são, para muitos, a única forma de libertação de toda e qualquer forma de limitação à liberdade, incluindo a religiosa.
Achará a Igreja que poderá obrigar à escolha? Pensará a mesma que a escolha recairá sobre ela própria? Se eu fosse à Igreja não obrigava a escolher!!
Só mesmo num país pouco desenvolvido ou num país (o nosso) em que os políticos, salvo honrosas excepções, são pobres de espírito, fracos de carácter e pouco dados ao serviço público, não compreendendo sequer a importância de ser deputado eleito da República.
Ouvi perplexo, as declarações, de alguns dos nossos deputados, sobre o vergonhoso incidente que levou a que a Assembleia da República Portuguesa não pudesse funcionar por falta de quórum, no passado dia 12 de Abril.
O deputado Vitalino Canas (PS) afirmava ser inaceitável a repetição da situação no futuro, esquecendo que a maioria lhe dava (ao partido) especiais responsabilidades no respeito pelo sistema democrático.
O deputado Marques Guedes (PSD) considerou, pasme-se, que enquanto o PSD foi maioria, nunca tal aconteceu.
Não é só publicidade, como diz o outro, eu ouvi as declarações e apeteceu-me perguntar ao cidadão, a quem injustamente atribuíram o estatuto de deputado, qual a diferença entre ser oposição e maioria no que concerne ao respeito pelas instituições democráticas e pelo vulgar dos cidadãos, a quem é exigida a presença no seu local de trabalho.
O Presidente da Assembleia da República afirmou entretanto ir fazer cumprir a legislação sobre falta de assiduidade, neste órgão de soberania, mas isso é o normal em democracia?
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