Parece mais um país da América Latina ou outro qualquer em vias de desenvolvimento em que se confunde justiça popular, vingança, tribunais legalmente constituídos, leis e tradição.
Estamos a falar não de nenhum desses países, sem desprestigio, é claro, mas do nosso pequeno Portugal. Pequeno no sentido literal e no sentido de tacanhez , de povo pacóvio que, em pleno século XXI, assiste a um Presidente de Câmara Municipal que não cumpre uma decisão do Tribunal e se arroga o direito de criticar a pessoa a quem este reconhece direitos e, como se não bastasse, a uma ordem dos médicos que incentiva ao não cumprimento de um despacho publicado em Diário da República por um governo legalmente constituído.
No primeiro, caso o Presidente da autarquia de Pombal, manda efectuar o alargamento de uma via pública em terrenos alheios sem sequer avisar do início de obras, o seu legitimo proprietário. Ao ser dada razão ao mesmo, o Presidente recusa-se a cumprir a ordem do Tribunal. Parece anedota uma vez que, como eleito democraticamente, devia assegurar o cumprimento da lei.
Segundo caso, as insólitas declarações de um organismo que supostamente representa os médicos e é legalmente reconhecido, para que estes não cumpram um despacho que inviabiliza as acumulações de gestão no público e no privado. Claro os médicos não são cidadãos como nós!
Se não fossem os disparates, a que nos habituámos neste país, ficaria surpreendido!
Esta transcrição, de parte do livro "As intermitências da morte", de José Saramago, parece-me ser de uma perspicácia tremenda e talvez nos possa ajudar a perceber um pouco porque grassa a burocracia e a inércia, em vez da inovação, nos nossos serviços públicos...
"São estes os perigos do automatismo da prática, da rotina embaladora, da práxis cansada. Uma pessoa (...) vai cumprindo escrupulosamente o seu trabalho, um dia atrás de outro dia, sem problemas, sem dúvidas, pondo toda a sua atenção em seguir as pautas superiormente estabelecidas, e se, ao cabo de algum tempo, ninguém lhe aparece a meter o nariz na maneira como desempenha as suas obrigações, é certo e sabido que essa pessoa (...) acabará por comportar-se, sem que de tal se aperceba, como se fosse rainha e senhora do que faz, e não só isso, também de quando e de como o deve fazer."
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