Analisemos agora os outros candidatos numa perspectiva menos exaustiva, não pela menor pertinência mas porque não se trata de candidatos eleitos…
Manuel Alegre teve um dos bons discursos da noite, digno, manifestando respeito pelos adversários e por quem votou nele e/ou contra ele.
Como ele outros discursaram realística e responsavelmente como foi o caso dos líderes dos dois maiores partidos, Sócrates e Passos Coelho.
A contrastar com a humildade democrática demonstrada no discurso, estiveram sempre a sua arrogante postura na campanha e na Assembleia da República, as suas afirmações sobre a pouca atenção a questões menores de dinheiros (mesmo que envolvendo 1500 euros o que é muito para muitos portugueses), o seu passado pouco esclarecido e pouco ligado ao trabalho.
Há coisas que se sentem e tal como eu, numa visita à Assembleia da República, senti que Manuel Alegre parecia tudo menos verdadeiramente republicano, estou em crer que muitos portugueses sentiram na campanha.
Nobre representava o descontentamento da sociedade civil com os partidos e, mais que com estes, com os políticos “profissionais” mas tal como os votos brancos, nulos, parte da abstenção e votos no candidato Coelho. Diferenças? Apenas na perigosidade de cada um dos casos e na formação política de cada eleitor.
De facto os eleitores assim descontentes mas mais informados não votariam Coelho, sentir-se-iam mal em votar nulo ou branco e muito mais em abster-se. Revelam respeito pelo sistema democrático e esperam melhores dias como quem diz, melhores representantes para eleger.
O seu discurso de “vitória” soou a patético, repetitivo (bastava ver a cara dos que assistiam, a esmorecer progressivamente, só igualando a face de João Lobo Antunes) e vazio, aliás como todos os outros ao longo da campanha.
Coelho, surpreendentemente, fez melhores declarações após os resultados que antes destes embora, como disse anteriormente, representa uma deriva populista, pouco preparada e exigente para tão alto cargo.
Uma nota “positiva” foi o seu resultado na Madeira. Positiva enquanto factor de reflexão sobre o que se passa naquela região.
Finalmente, para cumprir a ordem de resultados eleitorais e deixando o candidato do PCP que é mais candidato ao partido do que à Presidência, temos Defensor Moura.
Este candidato, embora denotando algum espírito republicano, de compromisso com a verdade, a coragem, o debate, fê-lo de forma pouco ambiciosa, demasiado regionalista e provinciana.
Ficou-lhe muito mal não cumprimentar o candidato reeleito uma vez que o desrespeito por ele é também o desrespeito pelos seus eleitores que tomaram essa opção.
Ninguém é dono da verdade, pode-se procurá-la mas não impô-la aos outros!
Se dúvidas houvesse sobre a crise profunda que atravessa o estado da nossa democracia, os discursos pós eleitorais dos vários candidatos, um deles reeleito Presidente e isso não é pormenor que deva escapar, vieram aclarar espíritos mais inebriados pela campanha…
Comecemos pelo que devia dar o exemplo, o reeleito Presidente da República de Portugal. E reafirmo, a República é de Portugal e não de um qualquer, mesmo que a ela se candidate com o objectivo de a representar.
Logo esta premissa, a de representar a República, deveria incutir nos candidatos elevação, humildade, espírito de serviço à coisa pública, abnegação, respeito pelos actos eleitorais (e isso inclui respeito por vencedores e perdedores) assim como patriotismo quanto baste.
Cavaco Silva, agora presidente de Portugal e de nós portugueses, teve menos meio milhão de votos, foi eleito com uma abstenção recorde, foi o Presidente eleito até hoje com o menor número de votos e com o menor número de votos na reeleição e continua a pensar que uma eleição dispensa o seu ganhador de prestar contas à população, aos partidos e à sociedade em geral.
Recusa-se a responder em campanha e responde em discurso, por sinal comodamente o último para não haver direito de resposta, a ataques que independentemente da sua veracidade mereciam esclarecimento cabal aos portugueses.
Acusa a comunicação social e desafia-a a revelar as suas fontes esquecendo-se do lamentável episódio das alegadas escutas a Belém.
E afirma que se pensam que a elevada abstenção, para não falar nos votos brancos, nulos e no candidato Coelho, o demove seja do que for e influenciará a sua acção desenganem-se…
Não seria de humildade democrática, preocupar-se com este fenómeno altamente lesivo da democracia? Não seria de bom-tom cumprimentar os “adversários” de campanha? Sem eles haveria eleição?
Não será de preocupar-se com eleitores que, após o seu discurso, se manifestaram desde logo arrependidos?
Tudo isto só prova que temos na Presidência não quem merece mas quem podemos eleger neste momento…
Nesta campanha eleitoral que, diga-se a propósito, tem sido bastante interessante não do ponto de vista das ideias mas do ponto de vista do perfil republicano ou não dos candidatos a Presidente da República, têm surgido alguns comentários engraçados sobre quem está "gagá".
Saliento o mais engraçado:
O candidato Cavaco Silva dizia sobre a reforma da sua esposa:
- "Ela só ganha 800 (!!!!!) euros, sabe
? epende de mim! "Para milhares de casais portugueses trabalhadores, 800 euros é o que ganham para si e para os filhos. Esses dependerão de quem?
O s c o m e n t a d o r e s j á n o s h a b i t u a r a m a d i s p a r a t e s m a s o s candidatos deviam ter vergonha e cuidado com as palavras, a não ser que estejam eles mesmo gagás...
Hoje estou furioso mas não com o comércio tradicional que temos!
-No grande comércio temos um problema com o bem adquirido trocam-no; no tradicional desesperamos a tentar provar que se avariou...
-No grande comércio passam factura, reconhecem a responsabilidade, passam guia de entrega para reparação; no tradicional carimbam um papel de "rifa" com a data...
-No grande comércio telefonam a avisar quando está pronto; no tradicional não sabem o que isso é...
Mas no TRADICIONAL zelam para que nunca nos sintamos uns clientes pacóvios mas sim activos!
Bem hajam!
O sucesso dos alunos tem um impacto decisivo no crescimento económico dos países e os resultados dos estudantes dependem mais de terem bons professores do que do dinheiro gasto nas escolas, defendeu um especialista norte-americano em Educação.
Eric Hanushek, investigador na Universidade de Stanford, é especialista na análise económica aplicada aos assuntos educacionais e está em Lisboa, onde participou no encontro "Avaliação: como medir o valor acrescentado de escolas e professores?", organizado pelo Fórum para a Liberdade de Educação.
Com base nos dados de 2006 do PISA (programa internacional de avaliação de alunos), em que Portugal se posicionava nos últimos lugares entre os países desenvolvidos, Eric Hanushek concluiu que, se todos os alunos portugueses tivessem o nível médio, dentro de uma geração, a economia nacional podia crescer 11 vezes mais.
E alertou que a solução não está em aumentar a verba gasta nas escolas: "Portugal gasta o mesmo que a média dos países da OCDE, mas o seu desempenho está abaixo".
Para o especialista, a qualidade dos professores é o elemento mais importante nas escolas para a obtenção de bons resultados pelos alunos. Por isso, sublinha a importância de avaliar o desempenho dos docentes, ou o valor acrescentado que conferem ao estudante, e de incentivar a atividade dos melhores profissionais.
Maria Conceição Portela e Paulo Trigo Pereira, investigadores e professores universitários, participaram no encontro e concordaram na constatação da dificuldade de avaliar o desempenho ou o valor acrescentado, quer de professores, quer de escolas, devido à falta de dados ou à falta de disponibilidade da informação.
"Pouco tem sido feito em Portugal no cálculo do valor acrescentado das escolas e dos professores", defendeu Maria Conceição Portela, exemplificando ao dizer que "dados sobre a situação económica dos alunos são difíceis de obter".
Já Paulo Trigo Pereira afirmou que, "sem uma avaliação adequada, não se pode ter uma política educativa de qualidade" e criticou a falta de acesso aos dados que o Ministério da Educação possui.
"Precisamos de uma sociedade mais aberta e mais livre, precisamos de mais dados", salientou.
O secretário de Estado adjunto e da Educação, Alexandre Ventura, que também participou no seminário, disse à agência Lusa que os dados do PISA utilizados pelo especialista norte-americano não estão atualizados e, segundo a última edição, referente a 2009, Portugal regista "um crescimento fantástico".
Este comportamento "conforta-nos, estamos no bom caminho, mas não estamos satisfeitos porque ainda há muito a fazer", referiu, à margem do encontro.
Para Alexandre Ventura, "é muito importante a projeção estatística que estabelece a relação entre o sucesso académico e o crescimento económico", mas salienta que existem outros fatores a ter em conta nessa análise.
In Diário do Sul, 2011-01-07
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