Sexta-feira, 6 de Janeiro de 2006
De novo as autarquias estão na base do regresso aos comentários neste blog. Não sem antes uma salvaguarda daquelas cuja acção política prossegue os fins democráticos e republicanos de serviço público aos cidadãos e ao país.
Outras há e infelizmente mais do que socialmente desejável seria, que prosseguem os seus fins por métodos que em nada abonam o amadurecimento democrático das novas gerações e apenas contribuem para a estagnação social e económica dos seus concelhos carregando o erário público.
Vejamos dois casos próximos no tempo mas que ilustram esta ideia:
Caso Santana (e pensávamos nós já não ser possível!) Todos nós pagámos o topo de gama que serviu para as deslocações do Ex-Presidente da Câmara Municipal de Lisboa como se tal fosse uma despesa justificável aos olhos de quem sobrevive com uns míseros euros por mês. Será que não o faria corar de vergonha ao transitar pelas ruas da capital onde muitos estão nessa situação? Uma viatura oficial serve para deslocar os eleitos e não para lhes proporcionar mordomias pagas com o dinheiro de todos os portugueses.
Festas e Presentes Mais um Natal e com ele muitas empresas do nosso país proporcionaram aos seus colaboradores pequenas festas com direito a almoço, muitas delas em refeitório da empresa, com distribuição de presentes aos mesmos e seus filhos. Até aqui tudo bem, trata-se de uma estratégia empresarial aliás com alguma justificação à luz das teorias económicas.
Contudo muitas das nossas autarquias decidem fazer o mesmo, ou melhor, quase o mesmo com a pequena mas significativa diferença de que os gastos do convívio e dos presentes saíram do erário público. Autárquico, corrigem-me, mas o que são as autarquias senão estruturas do Estado?
Que eu saiba nenhuma das autarquias em questão decidiu colocar em cada presente o justo cartão com uma inscrição do género: Este é um presente do Estado Português (leia-se de todos os portugueses) pela sua dedicação à causa pública!
Exagero? Certamente não mas muito teremos de caminhar para que aconteça em Portugal o que já tive oportunidade de presenciar numa cidade francesa em que, por serem horas de não expediente, a Senhora Presidente da Câmara Municipal abriu a porta do Hôtel de Ville (Paços do Concelho) e nos recebeu servindo ela própria biscoitos e bebidas. Utopia!!!