Na capa do Jornal I de Fim de Semana (9/10 Julho) podemos obter mais um exemplo de coerência dos nossos políticos.
Não está em causa o quanto devemos recriminar as agências de rating, que servem interesses comerciais e políticos que visam o ataque ao euro e ao desenvolvimento da Europa, mas não há dúvida que qualquer pessoa minimamente inteligente (sublinho) percebia que era isto que se passava desde há muito tempo a esta parte.
Um político que deveria ser o garante da nossa República à beira mar plantada deveria ter essa capacidade mais do que nós, ou não?
Se dúvidas houvesse sobre a crise profunda que atravessa o estado da nossa democracia, os discursos pós eleitorais dos vários candidatos, um deles reeleito Presidente e isso não é pormenor que deva escapar, vieram aclarar espíritos mais inebriados pela campanha…
Comecemos pelo que devia dar o exemplo, o reeleito Presidente da República de Portugal. E reafirmo, a República é de Portugal e não de um qualquer, mesmo que a ela se candidate com o objectivo de a representar.
Logo esta premissa, a de representar a República, deveria incutir nos candidatos elevação, humildade, espírito de serviço à coisa pública, abnegação, respeito pelos actos eleitorais (e isso inclui respeito por vencedores e perdedores) assim como patriotismo quanto baste.
Cavaco Silva, agora presidente de Portugal e de nós portugueses, teve menos meio milhão de votos, foi eleito com uma abstenção recorde, foi o Presidente eleito até hoje com o menor número de votos e com o menor número de votos na reeleição e continua a pensar que uma eleição dispensa o seu ganhador de prestar contas à população, aos partidos e à sociedade em geral.
Recusa-se a responder em campanha e responde em discurso, por sinal comodamente o último para não haver direito de resposta, a ataques que independentemente da sua veracidade mereciam esclarecimento cabal aos portugueses.
Acusa a comunicação social e desafia-a a revelar as suas fontes esquecendo-se do lamentável episódio das alegadas escutas a Belém.
E afirma que se pensam que a elevada abstenção, para não falar nos votos brancos, nulos e no candidato Coelho, o demove seja do que for e influenciará a sua acção desenganem-se…
Não seria de humildade democrática, preocupar-se com este fenómeno altamente lesivo da democracia? Não seria de bom-tom cumprimentar os “adversários” de campanha? Sem eles haveria eleição?
Não será de preocupar-se com eleitores que, após o seu discurso, se manifestaram desde logo arrependidos?
Tudo isto só prova que temos na Presidência não quem merece mas quem podemos eleger neste momento…
Nesta campanha eleitoral que, diga-se a propósito, tem sido bastante interessante não do ponto de vista das ideias mas do ponto de vista do perfil republicano ou não dos candidatos a Presidente da República, têm surgido alguns comentários engraçados sobre quem está "gagá".
Saliento o mais engraçado:
O candidato Cavaco Silva dizia sobre a reforma da sua esposa:
- "Ela só ganha 800 (!!!!!) euros, sabe
? epende de mim! "Para milhares de casais portugueses trabalhadores, 800 euros é o que ganham para si e para os filhos. Esses dependerão de quem?
O s c o m e n t a d o r e s j á n o s h a b i t u a r a m a d i s p a r a t e s m a s o s candidatos deviam ter vergonha e cuidado com as palavras, a não ser que estejam eles mesmo gagás...
Revi a mensagem do Presidente da República, aquele que foi eleito para nos representar a TODOS e a TODOS defender da instabilidade, aquele que jurou defender a Constituição logo a República.
Não tivesse ultrapassado a primeira ou segunda frase, antes de proferir "desafio qualquer um a verificar o que acabo de dizer", e tudo estaria suficientemente claro e com linguagem própria do cargo de que falamos.
Contudo seguiu-se:
"Porquê toda esta manipulação?" - Qual manipulação? A passagem para os jornais de notícias por encomenda, por parte de pessoal da PR? A falta de direito ao contraditório? A inadequação no tempo de reacção do Presidente?
"Transmito-lhes, a título excepcional, a minha interpretação dos factos" - Mas não será Presidente da República? Então e o dever de isenção? Não tem de achar, tem de ter certezas!
"Em Agosto,quando dedicava grande parte do meu tempo à análise dos diplomas que tinha levado para promologação" - Mas não será essa a sua função? Analisar diplomas propostos ao PR mesmo que encham um jipe? Infeliz esta imagem também para além de que sempre deu tempo de fazer umas pausas para inaugurar feiras e outras acções de campanha (enganei-me! ..... queria dizer de visibilidade)
"Fui surpreendido por declarações de destacadas personalidades do partido do governo" - Surpreendido???? E que interessa isso aos portugueses?? Ao país?? O Senhor PR não viu (já deu para ver que não pois a informática não é o seu forte) o site do PSD em que essa notícia da participação de assessores seus na elaboração do programa do PSD era publicitada? Não será normal que, no uso das suas faculdades políticas, um partido e os seus dirigentes (qualquer que seja) critique outro? O que tem isso a ver com escutas se era público?
"um tipo de ultimato" - e desde quando é que um PR responde a ultimatos? E lhe dá importância? Tem de saber estar acima disso e manter uma certa elevação!
"sou particularmente rigoroso na isenção em relação a todas as forças partidárias" - Nota-se!!! Tirando as visitas aos fogos, as visitas a Viseu, as notícias por encomenda, as não reacções em tempo útil, as insinuações ou inabilidades discursivas como lhe queiram chamar...
"como é que sabiam dos passos dados pelos elementos da Casa Civil do PR?" - pelo site do PSD !
Segue...
Ontem não queria acreditar e até evitei escrever neste blog, para manter alguma reserva e respeito que é devido ao Presidente da República.
Hoje, mais friamente, posso começar a escrever alguma coisa sobre o triste, sublinho triste, episódio novelesco protagonizado por Cavaco Silva (repare-se que me arrepio de escrever Senhor Presidente Cavaco Silva).
De facto, sendo republicano, senti vergonha pela nossa bandeira, que não merece tanto descrédito ao ser colocada ao lado de quem faz semelhante discurso...
A vontade de lhe ir em socorro (da bandeira) era mais que muita pelo que foram momentos de grande ansiedade enquanto não terminava o role de confusões e trapalhadas enumeradas.
Será que a falta do assessor de imprensa fará com que o Senhor Presidente não leia jornais, não se aperceba da opinião pública, da reacção extremamente negativa à sua linha de actuação?
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