Não há coisa que mais me entristeça que assistir, tão impávido quanto a minha paciência aguente, à incapacidade do nosso poder autárquico, pilar essencial do sistema democrático do nosso país, em se adaptar aos novos desafios da actualidade e aos desejos e anseios legítimos da população.
Certo é que continuam a desempenhar um papel preponderante e inquestionável no apoio e desenvolvimento de serviços básicos à população que, por serem básicos, já não deveriam ser alvo de comentários ou "publicidade" em boletins municipais e folhas informativas mas antes aceites como banais no serviço público que se espera.
Tal como os alunos que, não sendo bons alunos, mecanizaram procedimentos e resolvem sem grande dificuldade os problemas escolares mas ficam perdidos, quando se lhes pede que apliquem conhecimentos a situações novas e novos contextos, também as autarquias parecem um pouco "perdidas" quando se lhes exigem novas responsabilidades, discutindo de quem é a competência, onde estão as transferências de verbas correspondentes, etc , etc ...
O que deveriam, em primeiro lugar, garantir era se essas responsabilidades e competências trazem alguma mais valia às populações que servem ou pelo contrário são lesivas dos seus interesses.
Só depois deveriam negociar, exigir, com a legitimidade conferida pelos seus eleitores, as contrapartidas correspondentes.
Afinal as autarquias servem os cidadãos não se servem dos cidadãos.