Gostaria de partilhar aqui, não sem antes afirmar que este comentário não implica qualquer tendência politico-partidária, o meu profundo descontentamento e surpresa com a "entrevista", repare-se nas aspas que intencionalmente utilizei, de José Rodrigues dos Santos ao Ministro das Finanças Demissionário, no Telejornal de dia 5 de Maio de 2011.
De facto não se tratou de uma entrevista digna de um espaço de informação a que estou habituado e defendo há muito como exemplar.
De facto fez lembrar um exemplo de pseudo jornalismo que há bem pouco tempo foi severamente recriminado pelos portugueses. A linguagem, o tom, a atitude faziam lembrar Manuela Moura Guedes no seu pior.
Como telespectador, senti uma profunda decepção e vergonha.
A entrevista conduzida pelos jornalistas Ricardo Costa e José Gomes Ferreira, ao Primeiro Ministro José Sócrates, no passado dia 5 de Janeiro, foi mais uma oportunidade perdida que propriamente uma entrevista para esclarecimento dos portugueses.
O sentimento de frustação foi tanto maior quanta a reputação dos dois jornalistas em causa.
Ricardo Costa sempre nos habituou a entrevistas bem estruturadas, preparadas e profissionalmente conduzidas. Não foi agora o caso!
Durante a entrevista foram várias as situações em que mais parecia tratar-se de um debate, de um duelo do que de uma entrevista ao Primeiro Ministro de um país, para que este explicasse as suas ideias, políticas e dificuldades ou erros na governação.
Falo de expressões dirigidas pelo jornalista como:
"o banco (referia-se ao BPN) é seu"
"não é verdade! Ele disse que..."
"eu acho que não são fiáveis" (a propósito dos estudos custo benefício)
Parecia mais um editorial ou um post num qualquer blog de opinião que propriamente um trabalho jornalistico.
A tendência foi para confrontar, arremeçar, tentar que José Sócrates perdesse a calma mas resultou contrariamente!
Já deveriam saber que é difícil consegui-lo e que não estariam perante um qualquer político de autarquia do interior do país (sem ofensa).
Como se ouvia nos comentários no dia seguinte: Sócrates até pode não falar verdade mas não se pode ignorar a sua inteligência e eficácia na veiculação da mensagem política.
Talvez esta desilusão tenha justificado tão baixa audiência.
. Desilusão ou oportunidade...