Os rankings das escolas valem o que valem mas fazer disso um discurso acéfalo, sem aproveitar os mesmos para refletir sobre a ação das escolas, é tão absurdo como fazer deles a sua única forma de avaliação. A escola, os professores, os pais, têm obrigação de questionar as opções pedagógicas que levam a constantes maus resultados... Todos sabemos que os resultados nacionais desceram mas também verificamos que certas tendências desses mesmos resultados também se mantêm.
O sucesso dos alunos tem um impacto decisivo no crescimento económico dos países e os resultados dos estudantes dependem mais de terem bons professores do que do dinheiro gasto nas escolas, defendeu um especialista norte-americano em Educação.
Eric Hanushek, investigador na Universidade de Stanford, é especialista na análise económica aplicada aos assuntos educacionais e está em Lisboa, onde participou no encontro "Avaliação: como medir o valor acrescentado de escolas e professores?", organizado pelo Fórum para a Liberdade de Educação.
Com base nos dados de 2006 do PISA (programa internacional de avaliação de alunos), em que Portugal se posicionava nos últimos lugares entre os países desenvolvidos, Eric Hanushek concluiu que, se todos os alunos portugueses tivessem o nível médio, dentro de uma geração, a economia nacional podia crescer 11 vezes mais.
E alertou que a solução não está em aumentar a verba gasta nas escolas: "Portugal gasta o mesmo que a média dos países da OCDE, mas o seu desempenho está abaixo".
Para o especialista, a qualidade dos professores é o elemento mais importante nas escolas para a obtenção de bons resultados pelos alunos. Por isso, sublinha a importância de avaliar o desempenho dos docentes, ou o valor acrescentado que conferem ao estudante, e de incentivar a atividade dos melhores profissionais.
Maria Conceição Portela e Paulo Trigo Pereira, investigadores e professores universitários, participaram no encontro e concordaram na constatação da dificuldade de avaliar o desempenho ou o valor acrescentado, quer de professores, quer de escolas, devido à falta de dados ou à falta de disponibilidade da informação.
"Pouco tem sido feito em Portugal no cálculo do valor acrescentado das escolas e dos professores", defendeu Maria Conceição Portela, exemplificando ao dizer que "dados sobre a situação económica dos alunos são difíceis de obter".
Já Paulo Trigo Pereira afirmou que, "sem uma avaliação adequada, não se pode ter uma política educativa de qualidade" e criticou a falta de acesso aos dados que o Ministério da Educação possui.
"Precisamos de uma sociedade mais aberta e mais livre, precisamos de mais dados", salientou.
O secretário de Estado adjunto e da Educação, Alexandre Ventura, que também participou no seminário, disse à agência Lusa que os dados do PISA utilizados pelo especialista norte-americano não estão atualizados e, segundo a última edição, referente a 2009, Portugal regista "um crescimento fantástico".
Este comportamento "conforta-nos, estamos no bom caminho, mas não estamos satisfeitos porque ainda há muito a fazer", referiu, à margem do encontro.
Para Alexandre Ventura, "é muito importante a projeção estatística que estabelece a relação entre o sucesso académico e o crescimento económico", mas salienta que existem outros fatores a ter em conta nessa análise.
In Diário do Sul, 2011-01-07
Surgem notícias de que o Ministério da Educação se prepara para negociar a transferência de mais competências, em educação, para as autarquias podendo mesmo incluir a gestão de estabelecimentos de ensino até ao 3º ciclo.
Num qualquer país da Europa isto é normal, seria mesmo normal no nosso país e talvez seja inevitável a médio prazo mas tal como não se pede a uma criança de 3 anos de idade que escreva fluentemente também será difícil alcançar este desiderato no nosso estado de desenvolvimento democrático.
As autarquias desempenharam um papel importantíssimo na época pós 25 de Abril mas veja-se o que conseguiram no que concerne às competências que já detém em termos de educação...
As escolas do 1º Ciclo do Ensino Básico estão degradadas, sem equipamentos, sem material pedagógico e didáctico, recebem chocolates e obras ao sabor das eleições, sujeitam-se a trabalhar com obras pois os funcionários das autarquias não podem trabalhar nas interrupções lectivas...
As colocações de pessoal não docente, nos Jardins de Infância, não obedece a rigorosos critérios de selecção com base em perfil adequado às funções a exercer, é instável e aleatória com base em programas dos centros de emprego e POC carenciado...
Surgem mesmo algumas "sugestões", por parte de alguns eleitos, para lugares em mecanismos concursais nacionais e com regras, até agora, transparentes e democráticas, imunes ao clientelismo e ao "favor" que garante eleições.
A verificar-se a intenção, devemos reflectir profundamente sobre as implicações que esse processo trará à qualidade de ensino e ponderar se é a altura certa!
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