Aproximam-se mais umas eleições, não aquelas que aparentemente a maioria dos portugueses anseia mas outras que do calendário democrático já constam há mais tempo.
As populações vão ser chamadas a escolher os seus representantes, para os parlamentos locais e quem querem ver à frente dos destinos das suas autarquias.
Dos primeiros nunca se ouviu falar que auscultassem o povo, que dinamizassem consultas populares antes de ganharem a quantia inerente a cada senha de presença, num parlamento que tem muitas vezes tanto de ineficiente como de caricato.
Dos segundos, é difícil situá-los, tanto em termos de pensamento político como em termos de postura moral e ética.
A dança de cadeiras é inevitável e constitui um espetáculo deplorável de desrespeito pela democracia e pelos superiores interesses da população.
Passamos de um desejável e constitucionalmente defendido serviço ao povo, para um serviço a interesses instalados, a caciquismos, à promoção pessoal e familiar, que em nada abonam à confiança que todos devemos ter no sistema e pelo qual muitos lutaram anos a fio.
Em Portugal, é difícil ver ex autarcas que voltam a estar integrados na sociedade, na sua antiga profissão e lugar de origem, sim porque autarca não é profissão mas serviço público!
Para contornar a lei da limitação de mandatos, que timidamente os maiores partidos fizeram aprovar cheia de ambiguidades, o poder político preparava-se para aprovar outras estruturas regionais onde esses ex autarcas, humildemente (note-se a ironia), iriam servir mais uma vez o seu país.
O bloqueio dos tribunais, ao que parece um dos poucos garantes atuais da democracia, rejeita esta opção e põe entraves às mudanças de concelhos.
Passemos então à segunda opção em que atuais Presidentes de Câmara passarão a Presidentes de Assembleia e estes a Presidentes de Câmara, do mesmo partido claro!
Poderão ainda ser candidatos a outros lugares elegíveis, como futuros vereadores, mas voltar ao seu antigo lugar, ao seu emprego, isso não! Seria um desprestígio!
Para quem?!
Tenho falado, escrito, por vezes vociferado, de que entendo que a política é para as pessoas e não contra as pessoas mas, se fossemos civicamente mais ativos, politicamente mais informados, humanamente mais solidários (não caridosos pois nesse caso a intencionalidade é muito mais castrativa da condição humana), estaríamos há muito a debater o problema da escala em política.
Este aspeto não é, como alguns podem de imediato pensar, incompatível com a primeira afirmação.
Quando falamos em escala podemos abordar duas vertentes, tão antagónicas quanto convergentes, na ameaça à nossa condição humana de liberdade, igualdade e fraternidade...
Se por um lado, a globalização e a expansão do capitalismo desenfreado trouxe a hegemonia dos mercados e formas de governo financeiro, em nada sufragadas pelo poder do voto, por outro, cultivamos a pequenez das autarquias, dos serviços regionais, que de regionais só têm o nome, dos partidos que não se abrem à sociedade e que são sempre dirigidos pelos mesmos, numa teia quase mafiosa e bafienta de interesses, de relações de favor e promoção do pequeno poder e da mediocridade de ideias.
Ambas as situações têm sentidos à escala divergentes mas convergentes nos seus objetivos: empobrecer as pessoas, sonegando informação e liberdade, promovendo a caridade controladora que apenas aumenta esta dependência e amarra as pessoas a uma situação sem retorno para que muito poucos consigam manter e/ou aumentar os seus privilégios.
Desta vez nem apetece escrever sobre tamanha incoerência...
Convido os leitores a consultarem, em primeiro lugar, esta notícia do SOL
http://sol.sapo.pt/inicio/Politica/Interior.aspx?content_id=19255
Depois uma vista de olhos sobre o resultado deste inquérito no Portal Sapo (2011-05-15, pelas 23.40h)
Resta referir, para os mais distraídos (talvez a classe política) que se trata de Portugal...
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